Rota Salar de Uyuni – Visitando o Salar e chegando em Uyuni no 3o. e último dia.

No último dia de percurso, pulei da cama motivada para o aguardado destino final, o Salar de Uyuni. A atração é a primeira da lista e não demorou para meus olhos ficarem totalmente ofuscados pelo reflexo do sol na imensidão de sal. Aqui, óculos escuros e protetor solar são fundamentais.

Caminhando pelo Salar. Paisagem linda e única!

São 12.000 kilometros quadrados de um cenário absolutamente contrastante, metade branco, metade azul. Como eu fui no inverno, o chão estava todo craquelado, formando um desenho lindo. Na  época de chuva, no verão, entre dezembro e fevereiro, uma fina camada de água atua como um espelho gigante, garantindo também um cenário surpreendente.

Detalhe do solo.

Um dos grandes clichês do Salar são as foto montagens, que brincam com a perspectiva. No começo achei bobo, mas depois lá estava eu sucumbindo a brincadeira e me divertindo horrores!

Betina, Sophie e eu nas mãos do Roberto. Foto montagem tão brega quanto inevitável!

A segunda parada, ainda dentro do Salar, foi a ilha Incahuasi, também conhecida como Isla del Pescado. O local tem cactus gigantes, como esses da foto:

Cactus gigantes em Incahuasi

Aqui, almocei arroz, batata e vegetais (tinha carne também, mas sou vegetariana). Vale ressaltar que é o próprio motorista que desempenha o papel de cozinheiro, além de guia.

Roberto, Sophie, Betina, Bel e nosso almoço na Isla Incahuasi.

Em seguida, passamos pelo antigo hotel de sal, pioneiro na região, e continuamos em direção ao vilarejo de Colchani, observando o trabalho dos extratores de sal. Lá, visitamos lojas de artesanatos feitos de sal, uma fonte de renda importante para os nativos. Percorremos mais 19km e, pouco antes de chegarmos a cidade boliviana de Uyuni, passamos pelo Cemitério de Trem, onde estão algumas carcaças abandonadas. Meio trash, para falar a verdade.

Cemitério de trens

A essa altura, o tour já estava próximo do fim. Dali 1 km chegamos na sede da agência Cordillera Traveler, em Uyuni, onde me despedi dos companheiros de percurso. Para quem viaja sozinha, como eu, dá sempre um aperto no coração nessa hora. Mas esse processo de conhecer, se apegar, compartilhar ótimos momentos e depois, inevitavelmente, ter que se afastar é uma ótima metáfora para a vida, em geral. Lidar com a impermanência das relações, mesmo que no modo “fast”, como no caso de um tour de 3 dias, era parte importante do aprendizado que eu buscava nessa viagem. Entonces, vamo que vamo!

Uyuni

Pelo pouco que vi de Uyuni, e também li nos guias, sabia que o melhor negócio era zarpar da cidade no mesmo dia. Sendo assim, logo fui me informar sobre os ônibus, que ficam concentrados atrás da igreja principal da cidade, no fim da Av. Arce.

Considerando os principais destinos, existem saídas diárias para Oruro (conexão para quem vai a La Paz), Potosí, Sucre e Tapiza. Uma dica aqui é garantir sua passagem o quanto antes, para não correr o risco de ficar sem lugar no ônibus. Comprei a minha para Sucre, partindo às 19h00.  Foi uma viagem noturna de 11 horas de duração, no frio, em estradas mal conservadas e sem banheiro no veículo. Roubada? Nem tanto, podia ser pior! Mas isso é relato para um  próximo post.

Por hora, achei legal separar algumas dicas rápidas sobre Uyuni, caso seu ônibus saia só no dia seguinte ou por algum motivo você tenha que pernoitar por lá.

Onde ficar:

Hostal Marith – Albergue com melhor custo-benefício, a diária sai por cerca de 50 bolivianos por pessoa. Super procurado pelos mochileiros, possui áreas comuns que favorecem a interatividade entre os viajantes. Fica na Av. Potosí, 61.

Toñito Hotel – Com um pouco mais de conforto, um quarto duplo vale em torno de 300 bolivianos. Vantagens como água quente, wi-fi e bom restaurante fazem do Toñito um dos hotéis mais procurados da cidade. Reserve com antecedência. Fica na Av. Ferroviária, 60.

Los Girasoles Hotel – Provavelmente uma das hospedagens mais requintadas de Uyuni. No Los Girasoles, a diária para um casal beira os 500 bolivianos. Não espere nenhum 5 estrelas, mas camas confortáveis e visual agradável atraem os turistas mais exigentes. Localizado na Rua Sta Cruz,  155. Não achei o site, então segue o e-mail: girasoleshotel@hotmail.com

Onde comer:

Em Uyuni, achei as pizzas uma pedida prática, gostosa e sem muito erro. Duas sugestões são o restaurante Arco Iris, que fica na principal via da cidade, a Av. Arce, 27, e o Minuteman Revolutionary Pizza, que fica no Hotel Toñito.

Em ambos, espere gastar em torno de 35/40 bolivianos, pois os preços são para turistas.

Câmbio em Uyuni:

Quando os jipes da Cordillera chegaram em Uyuni, vários turistas ficaram a ver navios, pois o único caixa para sacar dinheiro (ATM) estava fora de serviço.  Conversei com os moradores e constatei que essa situação é pra lá de comum. Por isso, não venha despreparado. Chegue com alguns pesos bolivianos ou vá até uma casa de câmbio na Av. Potosí, onde você pode trocar dólares e pesos chilenos e argentinos até mesmo aos domingos.

Saindo da cidade de trem:

Não tenho informações detalhadas, mas sei que saem trens para as cidades bolivianas de Oruro, Tupiza e Villazón em horários e dias da semana específicos. Há ainda um trem internacional com destino a Calama, no Chile.  Na alta temporada, alguns trechos se esgotam rapidamente. Por esse motivo, compre seu bilhete com antecedência na estação de trem, que fica no começo da Av. Arce, próximo à praça. Outra alternativa é tentar garantir sua passagem em agências de viagem.

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Rota Salar de Uyuni – 2o. dia: Lagoas altiplânicas e deserto de Siloli

No segundo dia do percurso, acordei um tanto cansada. A minha primeira noite acima dos 4 mil metros de altitude foi de sono muito leve e sonhos confusos. Nada que um chá de coca e um dia ensolarado pela frente não resolvesse.

Flamingos de longe e de perto na lagoa colorada

Antes das 09h00, partirmos para a Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa em direção à laguna colorada que, originalmente, é visitada no 1o. dia, mas tivemos que adiar em virtude do vento excessivo. Pela manhã, com as temperaturas mais amenas, pudemos conhecer com calma um dos cenários mais bonitos da província de Sud Lípez. A lagoa é habitada por mais de 30 mil flamingos de diferentes espécies e vê-los livremente em seu habitat natural foi o ponto alto do meu dia.

O guia nos contou que a cor avermelhada das águas deve-se ao sedimento depositado pelas algas. E que os flamingos adquirem essa mesma coloração por alimentarem-se dessa vegetação, já que originalmente eles nascem acinzentados.

Deserto de Siloli

Árvore de pedra no deserto de Siloli

Fotos com flamingo pra cá, fotos com flamingos pra lá, entramos novamente no carro e seguimos viagem passando pelo deserto de Siloli, onde vimos a intrigante árvore de pedra. Trata-se de uma formação rochosa lapidada pela milenar erosão do vento.

Mais flamingos na laguna Honda

Em seguida, visitamos as lagoas altiplânicas Honda, Chiarcota e Cañapa. Aqui, o mais legal é ficar atento à fauna local. Além de mais flamingos, meu grupo avistou raposas e vicuñas – a parente selvagem da llama.

Eu, Betina e Izabel. Ao fundo, vulcão em atividade expele fumaça.

Ainda no meio do caminho paramos para observar, ao longe, um vulcão em atividade. Foi uma delícia esticar as pernas, bater um papo e tomar um solzinho com esse visual de pano de fundo.

Fechamos o dia no povoado de San Juan, onde fica o hotel de sal de propriedade da agência Cordillera. Na entrada da cidade, paramos em uma vendinha e nos abastecemos com algumas bolachas, folhas de coca, vinho e cerveja.

Paredes e cama feitas de sal no hotel em San Juan. A foto está sem foco, mas é só pra mostrar os blocos de sal 😉

O mais bacana do hotel é que toda sua estrutura (paredes, cama, mesa, bancos) é feita de blocos de sal. Ainda há o bônus dos quartos serem para 2 ou 3 pessoas e o banheiro (coletivo) ter chuveiro com água quente. Bom, “água quente” é um pouco de otimismo, já que a temperatura oscila muito e mesmo a água dura por um tempo determinado. Dica preciosa: esteja entre os primeiros a tomar banho!

No fim da noite, após o jantar, um grupo de garotos bolivianos fez um número com músicas típicas. Nunca sei como me sentir diante desse tipo de manifestação, especialmente com crianças.  Fico dividida. Eles tem prazer no que fazem? Estão lá por obrigação?  Na dúvida, assisto ao show com todo meu respeito.

Na sequência, um grupo de turistas europeus se reuniu em torno de um iPod para fazer uma festinha ao som de Katy Perry, Lady Gaga e Black Eyed Peas. Me senti como se a vida, em geral, tivesse entrado no modo “shuffle”. Muitas vezes a globalização é legal e tal, mas preferi acreditar que aquelas crianças realmente davam valor às suas raízes, que o mundo ainda tinha peculiaridades e que nada combinava menos com o povoado boliviano de San Juan do que a música “poker face”. Fui dormir. Melhor assim.

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Rota Salar de Uyuni – Escolha da agência, preparativos e primeiro dia na estrada

Dentre os vários passeios com destino ao Salar de Uyuni, optei pela travessia que saía do Chile, de San Pedro do Atacama, e terminava na cidade boliviana de Uyuni. Esse pacote, que acredito ser um dos mais completos e tradicionais, dura 3 dias.

Na hora de escolher a agência, fiz uma pesquisa cuidadosa. Isso porque  haviam me alertado sobre carros muito velhos que quebravam a todo instante e até mesmo motoristas irresponsáveis que dirigiam alcoolizados. Após essa busca, fechei com a Cordillera Traveler por USD 130,00 (hoje sai por USD160,00 – estadia e refeições inclusas). A operadora, que foi a mais bem recomendada, faz a rota há muitos anos e é administrada por uma família boliviana.

Jipes 4x4 da Cordillera Traveler e posto de imigração boliviano.

Na noite anterior a partida, comprei um galão de 5 litros de água (imprescindível levar sua própria água potável) e alguns petiscos, como chocolates e bolachas para comer no caminho. Dormi cedo e acordei às 07h00 para pegar uma van na sede da agência. De lá,  seguimos até a fronteira, onde mostramos o passaporte no posto de controle chileno e, em seguida, no boliviano. Ali, tomamos café da manhã e os turistas foram divididos em veículos 4×4, com até 6 pessoas, fora o guia.

Lembrando os mais exigentes que são jipes antigos, que sacolejam e não tem ar-condicionado. Outro detalhe é a trilha sonora, uma única fita cassete que toca música típica boliviana no modo “repeat” durante os 3 dias. No início, achei engraçado e até bem-vindo para me integrar à cultura local. Depois da quinta execução de “Mi palomita querida”, devo confessar que tive gana de pular pela janela. Então, já sabe, carregue bem a bateria do seu iPod para não surtar.

Continuando. No meu grupo, fomos apenas em 5 passageiros, sendo que todos os companheiros de viagem, 1 alemã, 2 francesas e 1 italiano, eram super bacanas. Aqui é sorte mesmo, pois a convivência é intensa durante o percurso.

Detalhe do gelo na borda da lagoa branca e vento forte na hora da foto na lagoa verde.

Partimos então rumo às belas lagoas verde e branca, que ficam bem próximas ao vulcão Licancabur. Alguns pássaros, semelhantes a pequenas gaivotas, flutuavam nas suas águas congelantes,  onde é possível se aproximar apenas até uma crosta de gelo e sal. Nadar, molhar o pé, etc, nem pensar!

Deserto de Dali e termas de Chalviri.

Voltamos ao carro e o cenário começou a se modificar. Surgiram  montanhas beges e alaranjadas e pedras enormes que deram o nome de Deserto de Dalí à região, uma alusão aos quadros surrealistas do pintor catalão. Alguns dizem que o local realmente foi sua fonte de inspiração. Lenda que uma parte de mim gosta de acreditar.

Mais adiante, paramos na piscina natural de Chalviri onde, em meio ao frio e ao vento intensos, alguns turistas se banharam nas suas águas termais quentinhas. Se preferir, vá com roupa de banho por baixo.

Vimos ainda os geyseres Sol de Mañana, que expeliam fumaças em um campo geotérmico interessante, embora bem menos impactante do que o El Tatio, do Atacama, sobre o qual escrevi anteriormente nesse post.

Vista do albergue, lanche da tarde com meus companheiros de viagem e llama caminhando em frente a nossa janela.

O dia terminou em um albergue próximo à lagoa colorada. A hospedagem, que é exclusiva da agência Cordillera, era simples, sem chuveiro (leve lenços umedecidos), com quartos e banheiro compartilhados, mas bastante acolhedora. Lanchamos bolacha maizena com chá de coca, jantamos salada, sopa e macarrão e fizemos uma festinha com os grupos que viajavam em outros jipes. Teve até direito a cerveja Paceña, vendida lá mesmo.

A noite chegou acompanhada por um frio cruel, pois tratava-se de um terreno descampado a 4.500 metros de altitude! Para se ter uma idéia, as janelas do meu quarto ficaram cobertas, do lado de fora, por uma camada de gelo! Por isso, roupa quente e saco de dormir, para reforçar o cobertor, são fundamentais. Sobretudo para quem for no inverno, entre junho e agosto, como foi o meu caso.

>>> Amanhã, tem mais um post sobre o segundo dia da rota rumo ao Salar de Uyuni. É nesse dia que ficamos bem perto dos flamingos, na laguna colorada. Imperdível!

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Semana Salar de Uyuni – Paisagens surpreendentes na fronteira entre Chile e Bolívia.

Proponho um exercício. Feche os olhos e pense no seu repertório mental de belezas naturais. O meu, por exemplo, é composto quase que exclusivamente por paisagens tropicais, vindas das longas férias de verão que passei nas praias de Ubatuba, litoral norte de São Paulo, durante a infância e adolescência.

Tenho um mundo de referências que aprendi a amar com muita água salgada, mata atlântica, garças, gaivotas, caranguejos, robalos, bem-te-vis e mamangavas.

Sem mar nem floresta, aprendi a admirar paisagens como a laguna blanca.

Levanto esse assunto para ressaltar o quanto a viagem ao Salar de Uyuni agregou a minha biblioteca imagética, até então monotemática. Foi nesse passeio em que percebi o quanto viajar é uma delícia não só para conhecer pessoas, vivenciar outras culturas, aprender um idioma e saber mais sobre nós mesmos, mas também para sermos tocados por cenários completamente diferentes dos quais estamos habituados. Para refrescarmos nosso olhar e voltarmos mais criativos e inspirados. Coisa que nenhum curso de férias em alguma escola de marketing faz por você. Acredite em mim.

Nesse caso de encantamento específico, me refiro às paisagens desérticas, onde o poder da natureza parece se manifestar de maneira plácida e, ao mesmo tempo, heróica. Para contar mais sobre essa experiência, divido nos próximos posts um pouco da minha viagem rumo ao Salar de Uyuni, torcendo para que você se empolgue e também faça essa rota. Se já foi, comente suas impressões, pois vou adorar compartilhar idéias sobre esse tema!

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Meus lugares favoritos em San Pedro de Atacama – Onde se hospedar, o que comer e o que visitar na cidade.

San Pedro de Atacama é uma pequena cidade moldada pelo turismo. Seus poucos quarteirões, com muros e casas de adobe charmosas, abrigam hotéis, restaurantes, agências e lojas de artesanato prontas para atenderem aos milhares de viajantes que circulam o ano inteiro pela região.

Explico: no Atacama não há exatamente uma baixa estação. Por lá, faz sol o ano inteiro e raramente chove, fazendo com que os principais passeios sejam mantidos diariamente pelas operadoras. Isso faz também com que os preços subam consideravelmente, mas nada que uma boa pesquisa não resolva.

Onde se hospedar:

Área comum e quarto/ fotos: Hostal Campo Base

Se hospedar no Atacama é caro. Dito isso, olho vivo para conseguir um bom custo-benefício, pois não vale a pena economizar e cair em armadilhas como chuveiro com água gelada, lugares muito fora de mão, etc.

Na minha proposta mochileira viajando sozinha fiquei super satisfeita com os R$40,00 que desembolsei por um quarto compartilhado no Hostal Campo Base. Além de ficar ao lado da Rua Caracoles, que concentra o burburinho da cidade, o café da manhã (incluso na tarifa) era ótimo, a cama era confortável e o banheiro, que era dentro do quarto, limpo e com água quente! Por lá, existem quartos privativos com banheiro para 2 pessoas por R$ 140,00

Bangalô e quarto/ Fotos: Hotel Poblado Kimal

Subindo os valores, mas também o conforto, sugiro o Poblado Kimal por USD 165, 00 no quarto duplo, que parece um bangalô com arquitetura típica atacameña.  Nessa faixa de preço, o hotel inclui piscina, restaurante, frigobar, etc. Além disso, a localização é no centro histórico.

Entrada, piscina e quarto/ Fotos: Hotel Tierra Atacama

Na categoria luxo, para quem está afim de uma experiência única, com todos os mimos inclusos, dê uma olhada no Tierra Atacama e no Explora Atacama.

Piscina, termas de puritama e quarto/ Fotos: Explora Atacama

Nos dois casos, os hotéis oferecem 3 refeições inclusas, spa, tours pelo deserto, decoração arrojada, transfer de ida e volta para o aeroporto, lindas paisagens e demais atrativos que justificam os altos preços. No Tierra Atacama, 4 noites para um casal saem por USD3.380. No Explora, o mesmo período para 2 pessoas custa USD 5.280.

Onde comer:

salão do Tierra Todo Natural, mesa do La Casona e cozinha do Las Delicias de Carmen/ Fotos: http://www.sanpedroatacama.com

O Tierra Todo Natural, localizado na R. Caracoles, é meu restaurante preferido em San Pedro. Simpatizei tanto que fiz ao menos uma refeição por lá todos os dias em que estive na cidade. A comida é fresquinha, com vários ingredientes orgânicos, integrais e pratos com muitas opções vegetarianas que conseguem ser leves, ricas e saborosas ao mesmo tempo. As especialidades da casa são as empanadas e as pizzas, mas os “menus do dia” também são um ótimo negócio e saem entre 5 e 6 mil pesos chilenos.

O La Casona, também na Caracoles, é outro restaurante que vale a visita. Parrillas e outros pratos típicos do Chile, mas com toque internacional, podem ser degustados em um ambiente acolhedor, com lareira e música ao vivo. Peça um vinho e seja feliz! O preço é um pouco mais caro do que o Tierra Todo Natural, mas existem menus por volta de 8000 pesos chilenos.

Para quem gosta de ir aos locais mais tradicionais, não deixe de passar no Las Delicias de Carmen, na R. Gustavo le Paige, e provar uma das suas famosas empanadas. Os doces, como a torta de limão, também são uma delícia. Tudo fresquinho, preparado na hora e a preços camaradas!

O que visitar:

Além dos passeios mais procurados, que escrevi nesse post e que ficam afastados da cidade, existem ao menos dois lugares que você precisa conhecer a pé ou alugando uma bicicleta.

Estátua em homenagem ao padre arqueólogo Gustavo Le Paige e interior do museu.

O primeiro é o Museu Gustavo Le Paige. Opte por uma visita guiada e descubra histórias interessantíssimas a respeito dos povos precolombinos que habitaram o Atacama.  Muitos dos milhares de objetos ali expostos foram encontrados pela equipe do padre belga que dá nome ao museu e que realizou complexos estudos arqueológicos na região na década de 50. O museu fica aberto de segunda a sexta, das 09h00 às 18h00, e aos finais de semana e feriados, das 10h00 às 18h00.  A entrada custa 2.500 pesos chilenos.

Fachada e interior da Igreja de San Pedro.

O segundo ponto turístico é a igreja de San Pedro. Um dos símbolos da cidade, foi construída com adobe no século XVI e, após uma série de reformas, segue abrigando eventos locais. Seu interior tem uma beleza singela e genuína.

Além desses dois locais, caminhe pela Rua Caracoles e suas transversais, visitando as lojas de artesanato e apreciando as construções rústicas típicas da cidade.

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Quatro passeios para desvendar o deserto do Atacama.

Quatro passeios para desvendar o deserto do Atacama.

Assim que desembarquei na garagem da Tur Bus, empresa de ônibus chilena que me levou de La Serena a San Pedro de Atacama, caminhei até meu hostel prestando atenção nas ofertas das agências de turismo da Rua Caracoles, a principal via da cidade.

Logo percebi que os 5 dias programados, contando com o deslocamento de chegada e saída, eram o período ideal para desfrutar dos melhores cenários que o Atacama oferecia. Queria conhecer tudo, mas sem correria. Pelo contrário, contemplação era um dos objetivos da viagem. Assim sendo, pesquisei bastante e eis aqui os tours testados e aprovados:

Lagunas Cejas, Tebinquinche e Ojos del Salar.

Se você chegar até a hora do almoço em San Pedro, não desperdice o dia e vá às Lagunas Cejas, Tebinquinche e aos Ojos del Salar! O passeio é um ótimo cartão de visitas do Atacama.

Lagunas Cejas

Meu tour saiu por volta das 15h00 e, em menos de 30km, chegamos nas Lagunas Cejas. Lembre-se de ir com roupa de banho por baixo, pois a grande atração do local é flutuar nas suas águas. Isso porque a concentração de sal é semelhante a do mar morto. Já aviso que a água é geladíssima, mas a sensação é única!

Na sequência, partimos rumo aos Ojos del Salar. Duas piscinas naturais no meio do deserto que parecem um grande espelho. Olha só:

Ojos del Salar

Para fechar bem o dia, seguimos até a Lagoa Tebinquinche para conferir o pôr do sol. O cenário, emoldurado por vulcões, vai ficando cada vez mais alaranjado, parecendo uma pintura. E, assim, vi o sol se despedir do meu primeiro dia no Atacama. Perfeito.

Laguna Tebinquinche

>>> Preço do tour na Maxim Experience (recomendada pela Cosmo Andino): 12.000 pesos chilenos

Salar do Atacama e Lagunas Altiplânicas

Por ser um dos passeios mais completos e durar um dia inteiro, fechei com a Cosmo Andino, sobre a qual escrevo mais abaixo no tópico das agências.

Laguna Chaxas

Saímos às 08h00 da manhã em direção à Laguna Chaxas e a Reserva Nacional de Flamingos. Na sequência, partimos em direção às lagunas altiplânicas, passando pelo povoado atacameño de Socaire e parando para almoçar nesse lugar surreal, que parecia uma aquarela.

Quando o Atacama vira uma aquarela

A próxima parada era a lagoa altiplânica de Miñiques. No caminho, vimos várias vicuñas e outros animais selvagens.  Quando descemos da van, nos deparamos com esta lagoa e seu azul marinho intenso, contrastando com o amarelo da vegetação rasteira. O silêncio era absoluto e, para mim, foi um dos cenários mais marcantes do Atacama.

Laguna Miñiques

Dali, seguimos em uma breve trilha até a Lagoa Miscanti, igualmente bela. Na volta, visitamos o povoado de Toconao, onde paramos para apreciar algumas técnicas de irrigação e cultivo de alimentos nessa região desértica.

Torre da igreja de San Matias e llamas pelas ruas de Toconao

Esse passeio integra fauna e flora do Atacama com turismo vivencial nas pequenas comunidades da região. Uma ótima combinação!

>>> Preço na Cosmo Andino: 35.000 pesos chilenos/ Na Desert Adventures sai por 25.000.

Valle de la Luna

Esse tour começa a tarde, fazendo deste um bom dia para explorar a cidade pela manhã, como explicarei melhor no próximo post do La Chica de Mochila.

Valle de La Muerte e detalhe das formações rochosas de sal

A van sai de San Pedro às 15h00 em direção a Cordillera de la Sal, onde andamos entre algumas formações rochosas compostas de sal, o que confere um brilho peculiar à paisagem. No caminho, avistamos o Valle de La Muerte e descemos uma duna gigante de areia (bem divertido, por sinal), onde vimos alguns grupos fazendo sandboard, atividade que pode ser contratada à parte em agências como a Vulcano Expediciones.

Lua cheia no Valle de la Luna

A conclusão do passeio foi um verdadeiro presente. Subimos uma duna até o topo com vista para o Valle de La Luna, que se assemelha ao solo lunar. Ali, esperamos a lua cheia nascer, bem redonda e amarela, atrás do Valle e bem na nossa frente. Atacama com lua cheia. Precisa dizer mais?

>>> Preço na Cosmo Andino: 9.000 pesos chilenos/ Na Desert Adventures sai por 6.000.

Geyser del Tatio

Este é um dos passeios que fiquei em dúvida inicialmente. Pra começar, você acorda às 03h00 da manhã e segue de microônibus durante 90 km por uma estradinha cheia de curvas. Como você pode imaginar, a temperatura à noite no deserto – e ainda por cima a 4 mil metros de altitude – não é das mais atrativas. Algo em torno dos 10 graus abaixo de zero!

Por outro lado, todos os turistas com que conversei me diziam que era um programa imperdível, que era o 3o. maior campo geotérmico do mundo, oportunidade única e tal. Como sou curiosa, paguei pra ver.

Amanhece nos Geyseres del Tatio

Quando chegamos em El Tatio, com o nariz congelando e a boca tremendo, ainda era noite. Não demorou e, lá pelas 06h00, os primeiros raios de sol foram aparecendo timidamente, revelando um verdadeiro cenário de ficção científica. É aí que nem um, nem dois, mas centenas de jatos de fumaça e água fervilhando brotam da terra, atingindo até 10 metros de altura.

Detalhe do campo geotérmico

Para os mais animados, há uma piscina natural, onde é possível banhar-se nas águas quentinhas. Duro é agüentar o frio depois na hora de colocar a roupa de volta. O pessoal do hemisfério norte nem liga e se joga com vontade. Eu, acostumada aos trópicos, coloquei só a mão e olhe lá!

O passeio exige certos cuidados, como andar apenas na área delimitada e nunca (jamais!) fazer a besteira de querer tocar na fonte dos geyseres. Quem já tentou, saiu de lá direto pro hospital com queimaduras graves. Outra dica é comer algo leve e não beber na noite anterior, para evitar dores de cabeça e enjôos que podem ser ocasionados pela altitude elevada.

Igreja e cruz na entrada do pueblo altiplânico de Machuca

Na volta, ainda passamos pelo micro povoado de Machuca, simpático vilarejo com população oficial de 40 pessoas, onde é vendido espetinho de llama, empanadas e  artesanatos.

Como já disse, a empreitada é puxada. Mas quando te falarem que é imperdível, acredite!

>>> Preço na Desert Adventures: 15.000 pesos chilenos/ Cosmo Andino cobra 25.000, mas o passeio é mais longo, passando por outros povoados e paisagens.

Sobre as agências:

Acabei fechando os tours com duas agências de perfis diferentes e achei tanto a Cosmo Andino quanto a Desert Adventures ótimas e dignas de recomendação.

Na Cosmo Andino todos os trajetos são pensados para serem aproveitados ao máximo, o que muitas vezes implica em escolher horários e rotas que desviem do restante das agências. Pense no Atacama com paisagens incríveis exclusivamente pra você. Além disso, os guias tem um inglês excelente e a alimentação durante os tours está bem acima da média.

Todas essas regalias podem custar até 40% mais caro do que pacotes similares oferecidos por outras empresas. Pelo preço e exclusividade, você vai notar que a maior parte dos clientes é  europeu e a média de idade é mais alta.

Já a Desert Adventures é o melhor custo benefício pra quem está com a grana mais curta. Os passeios seguem a média de preços do restante das agências, mas sem perder no quesito confiabilidade e qualidade. Peguei um guia super bem informado, animado e divertido. Os grupos são mais numerosos e compostos, em sua maioria, por adultos e jovens.

Dicas gerais:

– Leve óculos escuros, água, hidratante labial, filtro solar (o vento e o frio enganam, mas a radiação está lá torrando sua pele), chapéu, boné ou lenço, casaco (pode estar calor quando você sair para o passeio, mas o clima muda bruscamente quando cai o sol no deserto).

– Os tickets de entradas nos parques nacionais não estão inclusos no valor do passeio. Se tiver carteirinha ou for aposentado, leve o comprovante para obter descontos.

– É costume dar gorjeta ao guia no final do tour.

– Os preços, assim como as rotas mencionadas acima, foram levantados em agosto de 2010 e podem ter sofrido alterações até o presente momento.

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Ilhas flutuantes de Uros

Nessa semana, postei um texto sobre Copacabana, Ilha do Sol e a parte boliviana do lago Titicaca. Quem leu, sabe o quanto gostei da tonalidade vibrante das suas águas, além das belas trilhas e ruínas incas.

Hoje, sigo escrevendo sobre o maior lago navegável do mundo. Porém, dessa vez é o lado peruano do Titicaca que está em pauta. Para acessá-lo, o viajante precisa ir à Puno, localizada a 3h30 de ônibus de Copacabana, 5h de La Paz, 7h de Cusco ou 5h de Arequipa, para citar algumas das cidades mais próximas.

Chegando lá,  existem dezenas de agências, especialmente na Rua Jr. Lima, que oferecem o passeio às ilhas Uros (1/2 dia), Uros-Taquile (1 dia) ou Uros-Amantani-Taquile (2 dias). Eu fechei Uros-Taquile por 35 soles com um representante  da Lago Tours, que oportunamente estava dentro do ônibus que peguei em Copacabana.

Sobre Puno

Catedral de Puno

Com o tour comprado, dei uma rápida volta no centro, passando pela Catedral e pelo mercado, que sempre gosto de visitar para ver de perto os alimentos e hábitos locais. Existem outros lugares recomendados que não tive tempo de ir, como a casa colonial Del Corregidor, que depois de restaurada virou centro cultural; o Museu Carlos Dreyer, que tem uma exposição de objetos de ouro, cerâmica e artesanatos precolombinos; e o Museu da Coca e dos Costumes, com uma vasta explicação sobre o uso ancestral da folha de coca na cultura andina.

Muitos dizem que a cidade é perigosa. Pessoalmente, circulei com tranqüilidade, tomando os mesmos cuidados de sempre. Além disso, com o serviço de cooperativas de taxi entre 1 e 3 soles não há porque ficar circulando a pé à noite, correndo o risco de se perder.

Ilhas flutuantes de Uros

Solo e casas de totora na Ilha de Uros

O passeio começa cedo e às 08h00 meu barco saiu do porto de Puno. As primeiras ilhas flutuantes não demoraram a aparecer. De cara, fiquei impressionada com a vastidão do arquipélago.

Quando desembarcamos, logo constatei o respeito e fascínio que tenho por culturas ainda tão preservadas na sua essência. Custei a crer que tantas famílias viviam há séculos naquelas ilhas sem nunca terem migrado para Puno.

Simpático morador explica como as ilhas seguem flutuando no lago Titicaca há séculos.

Rapidamente meu grupo foi recepcionado por um morador, que esclareceu que no próspero Titicaca não faltava caça nem pesca e que o turismo mantinha a economia da região. Ressaltou ainda que em Puno muitos deles fatalmente acabariam vivendo à margem daquela sociedade moderna, trabalhando em sub-empregos com baixíssima remuneração. Ele também nos explicou que as ilhas se mantém flutuantes a partir do constante entrelaçamento da totora, tipo de capim ultra resistente e multi funcional.

Bordados e artesanatos de totora

Após essa conversa, fomos convidados a conhecer por dentro as casas feitas da onipresente totora (que serve até como alimento!). Algumas mulheres aproveitaram para mostrar seus bordados e outros artesanatos. Em seguida, fomos presenteados com colares de boas-vindas e alguns turistas aproveitaram para navegar pelo lago nas canoas de (adivinha?) totora.

Moradores multicoloridos cantam e fazem festa em Uros.

Para fechar a visita, o guia propôs que cada visitante mostrasse aos nativos uma música do seu país. Gosto de interagir, mas cantar (mal) em público sempre foi um bloqueio. Nesse momento, deu-se um sem gracismo generalizado. Foi aí que, inexplicavelmente, cantarolei “Viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz…” e fui presenteada com um sorriso enorme dos moradores. Percebi, naquele momento, o valor de se comunicar da forma mais honesta possível através de um gesto tão simples e transformador quanto a música, seja ela bem ou mal cantada.

Ilhas Taquile

Mais do que feliz pela experiência em Uros, segui junto ao grupo rumo à Taquile, uma ilha que não é flutuante, mas sem dúvida merece ser visitada. Essa viagem é um pouco mais longa e, até pela distância, o local tem raízes e costumes ainda mais preservados.

Artesão e mulheres dançando nas Ilhas de Taquile

Assim que desembarcamos, encaramos uma subida pela ilha enquanto admirávamos ovelhas pastando nos seus terraços verdes. Quando chegamos no alto, nos unimos a um grupo de artesãos locais, composto majoritariamente por homens. São eles, aliás, os responsáveis pela tecelagem de algumas das peças mais lindas e raras da cultura indígena peruana.

As mulheres do grupo, cobertas por um lenço negro, também se aproximaram e mostraram um manto de cabelos feito de crochê no período do noivado, como símbolo de estima e proteção ao futuro marido.

Vista do lago Titicaca nas Ilhas Taquile

A vista de cima daquela colina era para o imenso Titicaca. Foi nesse cenário que assistimos a um show de dança e musica típica de Taquile. Fui convidada para dançar no meio dos moradores da ilha e, depois de cantar em Uros, me vi novamente aceitando um convite inesperado sem pestanejar.

O almoço, super agradável, teve sopa de quinua de entrada e truta fresquinha acompanhada de arroz e batatas como prato principal. Seguimos o passeio contornando a ilha  a pé e observando a rotina dos seus habitantes. As crianças saindo da escola, os agricultores arando a terra, cenas de um dia comum em Taquile.

O tour terminou com uma visita às ruínas de origem inca e tiwanaku (civilização anterior a inca). Do topo da ilha, avistava-se uma escada de pedras com mais de 500 degraus. O sol ainda alto iluminava o Titicaca. Desci lentamente o percurso para aproveitar cada instante de um dos passeios mais bacanas e emocionantes que fiz durante a viagem.

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Copacabana e Ilha do Sol – Onde o Lago Titicaca é mais azul


Lembro de quando incluí a Ilha do Sol na minha viagem pela América do Sul. Estava lendo um guia de viagens e fiquei fascinada com o lugar. Metade lenda, metade fatos concretos, acredita-se que a origem da civilização inca tenha se dado ali, quando Manco Capac e Mama Oclo, que eram irmãos e também um casal, emergiram das águas do Titicaca.

Alguns meses depois, com o roteiro definido e o pé na estrada, parti de La Paz rumo à Copacabana, cidade base para quem vai à Ilha do Sol. O que eu não esperava era alcançar esse destino após um misto de gripe e intoxicação alimentar que haviam me derrubado. E foi assim, sem um pingo de pique, que eu cheguei na pousada La Cupula.

Vista panorâmica do hotel La Cupula

 Minha sorte é que, além de muito charmosa, a hospedagem tinha um jardim com redes e uma vista panorâmica revigorante. Passei metade do dia ali, recarregando as forças. Assim que me senti melhor, levantei e resolvi explorar o local.

Praia e Catedral em Copacabana

Desci até a margem do Lago e caminhei no fim de tarde pela “praia” de Copacabana. Conheci ainda a bela Catedral da cidade , colorida pelos seus azulejos portugueses, e só pulei o passeio ao mirante do Cerro Calvário, para poupar energias para o dia seguinte.  Quem quiser ampliar o roteiro, ainda pode ir ao observatório astronômico Horca del Inca.

Copacabana – Isla del Sol

No dia seguinte, às 08h30, fui para a orla e peguei um dos vários barcos que fazem o trajeto rumo ao povoado de Yumani. Lá está a maior concentração de hotéis e restaurantes da Ilha do Sol.

Aqui, cabe uma dica fundamental: Fique ao menos 1 noite na Ilha do Sol. Sendo assim, leve uma mochila com uma muda de roupa, deixando o restante da mala no hotel de Copacabana. Isso porque a escada de pedras incas que você terá que encarar para acessar o vilarejo de Yumani, somada à altitude de 4 mil metros, torna a empreitada muito desgastante.

Vento e frio no caminho para a Isla del Sol. Chá de coca na chegada ao hotel Palla Khasa.

Chegando ao hotel,  o Palla Khasa, recuperei o pouco fôlego que me restou tomando um chá de coca e lá pela 1 da tarde tive que fazer uma escolha crucial: iniciar a trilha de 5 horas (ida e volta) mesmo muito cansada ou me contentar com as paisagens que tinha visto até o momento. Isso porque faria o caminho até o norte da ilha sozinha e deveria voltar antes de anoitecer, é claro.

A trilha rumo ao norte: Yumani  – Cha’llapampa.

Para não morrer de arrependimento, pois havia separado apenas uma noite por lá, resolvi tomar a atitude nem tão prudente de fazer a trilha sem margem para atrasos ou imprevistos. Vesti camiseta dry fit, casaco tipo sleece, uma jaqueta corta vento, calça segunda pele, calça esportiva e ainda levei cachecol, luva e gorro, pois apesar do dia lindo e ensolarado faz muito frio por causa dos fortes ventos e da altitude elevada.

Trilha rumo a Cha’llapampa

Seguindo rumo a Cha’llapampa, encontrei boa parte das pessoas já voltando da caminhada.  Se por um lado fiquei com medo de anoitecer e ficar perdida na trilha, por outro lado fiquei totalmente anestesiada pelo visual estonteante do lugar com uma vegetação amarela e verde contrastando com o azul profundo do lago, os moradores nativos interagindo com os animais e o melhor: o silêncio absoluto. Silêncio que uma paulistana como eu está tão pouco habituada a presenciar.

Nunca meditei na vida, mas acho que encontrei meu ponto de equilíbrio fazendo essa trilha. Em meio ao cansaço físico extremo, minha mente despertou para uma quantidade de reflexões que acredito não serem possíveis nem em uma década de terapia.

Ruínas e volta da trilha de Cha’llapampa

Mas o sol já estava mais baixo quando cheguei ao destino final de Cha’llapampa, no norte da ilha, e pude ver as ruínas de Chincana, a mesa cerimonial de sacrifícios e a Pedra do Puma. Devo ter passado não mais do que 20 minutos ali, percorrendo os labirintos do que foi no passado um palácio inca.

Preocupada com  o horário, era hora de voltar e apressar o passo. Com mais descidas do que subida, fiz este trecho tranquilamente em 1 hora e meia, contra 3h30 da ida (!). Algumas das melhores visões que tive foram nesse momento, com o sol baixinho, quase mergulhando no lago. Voltei ao hotel a tempo de reverenciar os últimos 10 minutos de luz solar em uma cadeira confortável.

A temperatura caía consideravelmente e era hora de tomar uma sopa de quinua quentinha acompanhada por um chá de muña, erva típica local. Com a alma aquecida, fui dormir orgulhosa, desfrutando da felicidade que só é possível para quem arrisca e  supera seus pequenos ou grandes desafios.

Dicas: 

Copacabana

Onde fiquei: A vantagem de viajar à Bolívia é que mesmo com pouca grana você pode cacifar lugares realmente legais. Por 80 bolivianos fiquei num quarto single, mas com banheiro compartilhado no La Cupula. Para quartos com banheiro privativo, uma boa escolha pode ser o vizinho Las Olas. Ambos são muito procurados e precisam ser reservados com antecedência.

Onde comi: Fui ao restaurante do La Cúpula e achei uma delícia. Por lá, gasta-se uma media de b/40. Próximo a orla, há uma série de restaurantes mais movimentados, que ficam abertos até bem tarde. Nessa linha, vá provar a pizza ou os sanduíches do Pueblo El Viejo.

Ilha do Sol

Onde fiquei e comi: Hotel Palla Khasa. Fica mais afastado dos demais, mas está bem acima da média para os padrões da ilha. Paguei b/140 no quarto single com banheiro privativo. Existem hospedagens simples a partir de s/25, mas a vista incrível e o ótimo restaurante do Palla Khasa valeram o investimento.

UPDATE: Escreveram para o lachicademochila@gmail.com perguntando sobre as taxas de entrada na ilha. Achei importante complementar essa informação. Paguei 5 bolivianos para adentrar na parte sul (Yumani) e 15 na parte norte (Challa).

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Igrejas, museus, San Blas – Monte seu roteiro para desvendar a cidade de Cusco.

Igrejas, museus, San Blas – Monte seu roteiro para desvendar a cidade de Cusco.

O centro de Cusco é uma aula de história ao ar livre. É daqueles lugares que, quando você menos espera, pode topar com uma pedra que na realidade foi uma elaboradíssima construção inca com mais de 500 anos.

Entre as características mais marcantes da cidade está a sobreposição da cultura católica espanhola aos costumes indígenas. Abalados por uma guerra civil, os nativos ofereceram pouca resistência quando os conquistadores alcançaram a capital do império inca em 1532, trazendo armas, cavalos e doenças devastadoras.

Contudo, os incas era tão brilhantes em sua arquitetura, engenharia e habilidades manuais, que muito da sua cultura permaneceu após a colonização. Um exemplo é a construção das igrejas, que usou como base a resistente estrutura de pedra dos templos incas.

 A escola de pintura cusqueña, que se desenvolveu nos séculos XVI e XVII, também reflete o encontro do talento dos índios e mestiços com os ensinamentos  e a técnica dos artistas jesuítas vindos da Europa, muitos deles da Itália.

Para desvendar a cidade de Cusco, separe ao menos um dia para caminhar com calma pelas suas ruas. Aqui, alguns dos lugares do centro histórico que adorei conhecer e recomendo aos viajantes:

Catedral: Símbolo da Plaza de Armas, a maior e mais bonita igreja de Cusco começou a ser construída no século XVI com pedras retiradas de importantes construções incas da região. Seu interior impressiona com altares de ouro, estátuas, pinturas e murais que trazem claras influências indígenas, como é o caso do Puma esculpido na sua porta principal.  As visitas, que são pagas (s/20), podem ser feitas das 10h00 às 18h00, diariamente. Mais cedo, a igreja abre apenas para os freqüentadores das missas.

 Q’Orikancha: O belo templo foi construído no reinado do inca Pachacutec em homenagem ao sol. Por tratar-se de um símbolo divino, a construção era refinada, suntuosa e repleta de objetos de ouro. Hoje, após sucessivos saques, sobraram as estruturas de pedra resistentes aos terremotos que foram usadas pelos espanhóis na construção da Igreja de Santo Domingo. Vale um tour guiado disponível de segunda a sábado das 08h30 às 17h30. A entrada custa s/10 e a visita ao museu do local está incluída no boleto turístico, sobre o qual escrevi neste post.

Igreja La Compañia e Igreja La Merced – Para quem quiser apreciar arte Cusqueña, vale visitar a primeira igreja que fica na Plaza de Armas e costuma ser ofuscada pela Catedral. Ali é possível ver um  mural representando a união de um conquistador espanhol com uma princesa inca. Já La Merced fica mais ao sul e guarda uma preciosidades: um recipiente de hóstias de ouro maciço incrustado com pedras preciosas.

Museu de Arte Precolombino: Dentre todos os museus da cidade (Museu Inka, Museu Hilário Mendívil, Museu de Arte Contemporânea, Museu de Arte Religiosa, etc), destaco este como meu preferido. Além de bem conservado, com ótimas explicações sobre as obras expostas, o museu conta com uma vasta coleção de cerâmicas, jóias e esculturas precolombinas, abrangendo não apenas a cultura inca, mas também a Nasca, Mochica, Huari e Chimu. Funciona diariamente das 09h00 às 22h00 e o ingresso custa s/20.

San Blas: O bairro fica ao norte da Plaza de Armas e é uma dos locais mais charmosos de Cusco por reunir uma série de artistas, ateliers e bares que atraem os turistas boêmios. Na praça de San Blas há uma feira de artesanato sempre movimentada e divertida. Lá, também pode-se visitar uma pequena, porém interessante, igreja de adobe.

Dica: Na Praça de San Blas está um dos melhores restaurantes da cidade,o Pacha Papa. Ideal para quem quer provar um dos pratos típicos do Peru, como o Cuy ao forno (espécie de porco da índia),  a carne de alpaca ou o lomo saltado.

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El Encuentro e Green Organic: 2 restaurantes em Cusco para comer bem e saudável.

El Encuentro e Green Organic: 2 restaurantes em Cusco para comer bem e saudável.

Quem chega em Cusco não demora a ouvir o conselho “andar despacito, comer poquito y dormir solito”. Isso porque a cidade está a 3.500 metros de altitude e boa parte dos turistas demora pelo menos um dia para se adaptar  e deixar de sentir os efeitos do soroche, como são chamados os enjôos e dores de cabeça de maior ou menor intensidade ocasionados por essa mudança brusca.

Para evitar esse contratempo, você não precisa necessariamente comer poquito, mas sim optar por refeições leves, que também podem ser muito saborosas e nutritivas. Pensando nisso, seguem duas boas dicas de restaurantes testados pelo La Chica de Mochila.

 El Encuentro

Preços incríveis e comida caprichada! Fotos: El Encuentro

É o melhor custo-benefício da cidade e foi paixão à primeira vista assim que provei os pratos com ingredientes orgânicos, integrais e preparados com tanto carinho. E mais: onde comer um menu digníssimo com direito a bebida, sopa, salada e prato principal por 6 soles (MENOS DE 4 REAIS) ? E isso justamente em Cusco, um lugar bem inflacionado pelo turismo. É pra amar mesmo!

No El Encuentro, você degusta uma bela comida vegetariana, super bem temperada, como deve ser. O astral do restaurante é bacana e te convida a compartilhar a mesa com outros viajantes. Além do menu do dia, existem boas opções a la carte,  entre 8 e 15 soles, como saladas, panquecas, massas, sanduíches, omeletes e outros pratos criativos como o Chicharrón, uma especialidade peruana, adaptado com carne de soja.

São 3 unidades bem localizadas que abrem no almoço e no jantar. Tome nota: Calle Choquechaca no.136, Tigre no. 130 e Santa Catalina  no. 384 (minha preferida!). Uma dica: chegue cedo, pois o El Encuentro é muito procurado e as opções de menu por esse preço  excelente vão acabando com o passar das horas.

Veja o cardápio completo e mais informações aqui.

Green Organic

Pratos com alimentos orgânicos e sustentáveis. Fotos: Green Organic

 Para uma experiência mais gourmet, mas mantendo a culinária natural, o Green Organic é uma boa pedida. As refeições são elaborados com base no comércio justo e sustentável e todos os alimentos servidos vem de pequenos produtores do Vale Sagrado, região vizinha à Cusco.

Um diferencial do restaurante é a composição dos pratos, que é feita pelo próprio cliente. No menu, há uma seção de proteínas, com peixes e carnes, que pode ser combinada com guarnições da lista de carboidratos, cereais, legumes ou massas.

Pedi uma truta com tabule de quinua e purê de batata e um suco de pêssego, banana e morango que valeu um repeteco. O preço de 50 soles, em média, por pessoa reflete a originalidade do lugar, que tem uma atmosfera moderna e acolhedora, com algumas mesas com vista para a Plaza de Armas.

Vai lá: Calle Santa Catalina Angosta 135, Piso 2. Aberto diariamente das 12h00 às 21h30. Mais informações no site.

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