Dentre os vários passeios com destino ao Salar de Uyuni, optei pela travessia que saía do Chile, de San Pedro do Atacama, e terminava na cidade boliviana de Uyuni. Esse pacote, que acredito ser um dos mais completos e tradicionais, dura 3 dias.
Na hora de escolher a agência, fiz uma pesquisa cuidadosa. Isso porque haviam me alertado sobre carros muito velhos que quebravam a todo instante e até mesmo motoristas irresponsáveis que dirigiam alcoolizados. Após essa busca, fechei com a Cordillera Traveler por USD 130,00 (hoje sai por USD160,00 – estadia e refeições inclusas). A operadora, que foi a mais bem recomendada, faz a rota há muitos anos e é administrada por uma família boliviana.
Na noite anterior a partida, comprei um galão de 5 litros de água (imprescindível levar sua própria água potável) e alguns petiscos, como chocolates e bolachas para comer no caminho. Dormi cedo e acordei às 07h00 para pegar uma van na sede da agência. De lá, seguimos até a fronteira, onde mostramos o passaporte no posto de controle chileno e, em seguida, no boliviano. Ali, tomamos café da manhã e os turistas foram divididos em veículos 4×4, com até 6 pessoas, fora o guia.
Lembrando os mais exigentes que são jipes antigos, que sacolejam e não tem ar-condicionado. Outro detalhe é a trilha sonora, uma única fita cassete que toca música típica boliviana no modo “repeat” durante os 3 dias. No início, achei engraçado e até bem-vindo para me integrar à cultura local. Depois da quinta execução de “Mi palomita querida”, devo confessar que tive gana de pular pela janela. Então, já sabe, carregue bem a bateria do seu iPod para não surtar.
Continuando. No meu grupo, fomos apenas em 5 passageiros, sendo que todos os companheiros de viagem, 1 alemã, 2 francesas e 1 italiano, eram super bacanas. Aqui é sorte mesmo, pois a convivência é intensa durante o percurso.
Partimos então rumo às belas lagoas verde e branca, que ficam bem próximas ao vulcão Licancabur. Alguns pássaros, semelhantes a pequenas gaivotas, flutuavam nas suas águas congelantes, onde é possível se aproximar apenas até uma crosta de gelo e sal. Nadar, molhar o pé, etc, nem pensar!
Voltamos ao carro e o cenário começou a se modificar. Surgiram montanhas beges e alaranjadas e pedras enormes que deram o nome de Deserto de Dalí à região, uma alusão aos quadros surrealistas do pintor catalão. Alguns dizem que o local realmente foi sua fonte de inspiração. Lenda que uma parte de mim gosta de acreditar.
Mais adiante, paramos na piscina natural de Chalviri onde, em meio ao frio e ao vento intensos, alguns turistas se banharam nas suas águas termais quentinhas. Se preferir, vá com roupa de banho por baixo.
Vimos ainda os geyseres Sol de Mañana, que expeliam fumaças em um campo geotérmico interessante, embora bem menos impactante do que o El Tatio, do Atacama, sobre o qual escrevi anteriormente nesse post.

Vista do albergue, lanche da tarde com meus companheiros de viagem e llama caminhando em frente a nossa janela.
O dia terminou em um albergue próximo à lagoa colorada. A hospedagem, que é exclusiva da agência Cordillera, era simples, sem chuveiro (leve lenços umedecidos), com quartos e banheiro compartilhados, mas bastante acolhedora. Lanchamos bolacha maizena com chá de coca, jantamos salada, sopa e macarrão e fizemos uma festinha com os grupos que viajavam em outros jipes. Teve até direito a cerveja Paceña, vendida lá mesmo.
A noite chegou acompanhada por um frio cruel, pois tratava-se de um terreno descampado a 4.500 metros de altitude! Para se ter uma idéia, as janelas do meu quarto ficaram cobertas, do lado de fora, por uma camada de gelo! Por isso, roupa quente e saco de dormir, para reforçar o cobertor, são fundamentais. Sobretudo para quem for no inverno, entre junho e agosto, como foi o meu caso.
>>> Amanhã, tem mais um post sobre o segundo dia da rota rumo ao Salar de Uyuni. É nesse dia que ficamos bem perto dos flamingos, na laguna colorada. Imperdível!