“Nada me angustia”. Foi o que escrevi no meu diário na última noite em Vilcabamba. Eu havia pedido demissão para viajar por 2 meses pela América do Sul, estava só, longe dos amigos e familiares, sem computador ou celular por perto… e nada me angustiava.
Aliás, pelo contrário. Com a alma lavada, sem lenço nem documento, estava pronta para a próxima! E assim sendo, peguei um ônibus de 5 horas até Cuenca, terceira maior cidade do Equador, localizada na região serrana do país.
Quando cheguei, já era noite e senti que Cuenca era o tipo do lugar que se revelaria pela manhã. Dito e feito. No dia seguinte, na primeira caminhada, já senti enorme simpatia pelo centro da cidade, que depois descobri ser patrimônio histórico da UNESCO.
As fachadas preservadas, as ruas de pedra, as construções coloniais escondendo e revelando igrejinhas aqui e ali, tudo era super charmoso. Me entretive tirando fotos até às 09h00, quando abria a Catedral de la Inmaculada Concepción, também conhecida como Catedral Nova.
Um dos símbolos da cidade, esse templo religioso é bonito por dentro, mas especialmente interessante por fora, com sua construção de tijolos aparentes e as cúpulas azuis se destacando junto ao céu.
Do outro lado da rua, atravessando o Parque Calderón, uma praça simpática e arborizada, fica a graciosa Catedral Vieja. Dali, resolvi caminhar pelas imediações e conhecer a Casa de La Mujer, uma galeria de artesanatos indicada pela atendente do Centro de Informações Turísticas.
Descobrindo Cuenca
Estava olhando um trabalho de cestaria, quando ouvi: Hola chica, buenos dias!. Era o Abel, um holandês que conheci no hotel de Vilcabamba. Foi uma feliz coincidência reencontrá-lo. E, como nenhum dos dois tinha grandes planos, acabamos passando o dia juntos, explorando a cidade.
Primeiro, ziguezagueamos pelo centro, passando por lojinhas, galerias e os mercados populares das praças Rotary e San Francisco, até chegarmos a fábrica Barranco, que expõe e vende autênticos chapéus panamenhos, com direito a um museu dedicado à peça.
Lá, aprendi que os famosos chapéus panamenhos são, na verdade, equatorianos e só levam esse nome por serem exportados através do porto do Panamá. Eles são fabricados artesanalmente, a partir da palha Toquilla, em Cuenca e na pequena província de Montecristi.
Depois de uma verdadeira aula sobre sombreros, aproveitamos para tomar um capuccino no simpático café que fica dentro da fábrica e tem uma bonita vista panorâmica da cidade.
Lá pela 1 da tarde, resolvemos almoçar no Tiesto’s. Grande acerto! Servindo pastas e saladas apetitosas, o ponto alto do restaurante são os steaks, aclamados como os melhores do país. Além disso, a ambientação é tradicional e colorida, fazendo do local um dos mais bem recomendados pelos guias e sites especializados.
Depois, resolvemos bater perna pelas margens do rio Tomebamba, que divide a cidade entre o centro histórico e uma área residencial mais moderna. No fim do passeio, estávamos próximos ao Banco Central, que abriga o Museo Pumapungo, o mais importante da cidade.
Me encantei com a exposição (super completa) sobre o patrimônio cultural equatoriano. Destaco o primeiro andar, com uma mostra etnográfica dos diferentes povos que habitaram o país, com direito a maquetes, reproduções em tamanho real das tribos, exemplares de roupas e objetos de caça e pesca.
Saindo de lá, demos uma volta pelas ruínas do parque arqueológico de Pumapungo. que fica atrás do museu. Hoje, pouco restou do que um dia foi um importante centro religioso e administrativo do império inca. No entanto, o passeio é válido para apreciar espécies da fauna e flora andina, cultivadas no local.
O sol já caía quando me despedi de Abel, não sem antes pegar umas dicas ótimas sobre Amsterdam, lugar que fui 2 vezes e pretendo retornar muitas outras.
Gostinho de quero mais
Na manhã seguinte, fui embora lamentando não ter tido tempo suficiente para saborear um café sem pressa, estrear meu recém adquirido chapéu panamenho nas ruas do centro histórico, explorar melhor as escadas de pedra que ligam a Calle Larga ao rio Tomebamba, enfim, para me familiarizar melhor com aquela cidade bonita e cativante.
Sem contar os passeios nos arredores, como o Parque Nacional de Cajas, as vilas de Gualaceo e Chordeleg, que são conhecidas pelos belos artesanatos, ou mesmo um tour pelas ruínas incas de Ingapirca.
Mas não me abalei. Quito estava por vir e não seria nada mal conferir, in loco, qual a cidade mais bela do Equador, rixa alimentada pelos cidadãos cuencanos e quiteños. Minha sincera opinião no próximo post 😉
Cuenca, manual prático:
Como chegar: 441 km ao sul de Quito, fica a 9 horas de viagem de ônibus ou 50 minutos de avião. Avianca e Lan são duas companias aéreas que te levam, a partir do Brasil, para Cuenca com uma escala em Bogotá ou Lima, respectivamente, e outra em Quito.
Onde ficar: Hotel Casa del Aguila, Fica bem próximo ao centro histórico e custa a partir de USD 65,00 (diária em quarto duplo).
Onde comer:
Steaks, massas e saladas: Tiestos’s – Calle Juan Jaramillo 7-34
Culinária italiana: Di Bacco Cocina Bar Vino – Calle Tarqui 9-61
Café da manhã e guloseimas: Kookaburra Café – Calle Larga 9-40.
O que visitar em 1 dia:
Catedral de la Inmaculada Concepción – Parque Calderón (praça principal)
Catedral Vieja – Parque Calderón (praça principal)
Centro de Informações Turísticas – Parque Calderón (praça principal)
Casa de la Mujer – Calle Torres 7-33
Mercando San Francisco – Calle Padre Aguirre com Córdova.
Barranco (museu de chapéus) – Calle Larga 10-41
Museu e Parque Arqueológico Pumapungo (Banco Central)- Calle Larga com Av. Huayna Cápac
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Saiba mais sobre Cuenca em: http://www.cuenca.com.ec/